Fux assume comando do TSE: ‘Ficha suja está fora do jogo democrático’
Em solenidade de posse como novo
presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Luiz Fux fez na
noite desta terça-feira (6) uma defesa enfática da aplicação da Lei da Ficha
Limpa, disse que “ficha suja está fora do jogo democrático” e destacou a
ofensiva da Corte Eleitoral no combate à disseminação de notícias falsas (as
chamadas “fake news”), tendo a imprensa como aliada. De acordo com Fux, a
atuação pró-ativa do TSE terá como um dos pilares fundamentais a aplicação “sem
hesitação” da Lei da Ficha Limpa nas próximas eleições e o combate às notícias
falsas. “A Justiça Eleitoral, como mediadora do processo político sadio, será
irredutível na aplicação da Ficha Limpa, conquista popular que introduziu, na
ordem jurídica, um instrumento conducente o Brasil a um patamar civilizatório
ótimo”, discursou Fux. “Os órgãos eleitorais, na qualidade de fiscais da moral
procedimental do pleito, devem rejeitar toda e qualquer postulação em
desconformidade com o espírito de civismo trazido pela Lei da Ficha Limpa”,
prosseguiu o novo presidente do TSE. Na avaliação de Fux, uma pessoa corrupta e
antiética não conduz o País para “um novo futuro”, mas “para o atraso e a
degradação”. O ministro não fez referências diretas a políticos ou casos de
corrupção do noticiário. “Ficha suja está fora do jogo democrático. Também a
corrupção será severamente punida”, prometeu Fux, que deixará o tribunal em
meados de agosto. Caberá à ministra Rosa Weber, atual vice-presidente da Corte
Eleitoral, assumir o TSE durante as eleições. Fux aproveitou o discurso de
posse para defender a classe política e o exercício do voto, em solenidade que
contou com as presenças do presidente Michel Temer, da presidente do Supremo
Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, e outras autoridades, como o
governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) e o do Distrito Federal,
Rodrigo Rollemberg (PSB). “Os três poderes devem ter um projeto, um pacto
democrático e republicano, ciente de que não há democracia sem política”,
frisou Fux. Para o ministro, o País vive uma crise “efêmera e passageira”, mas
vai superá-la “resgatando a confiança do povo brasileiro” nas instâncias
majoritárias. O ministro também disse que o atual cenário só é passível de ser
superado pelo próprio povo através do voto. “É só por meio do voto que o
eleitor escolhe quem vocalizará seus anseios e reivindicações. Uma autêntica
democracia não pode prescindir de uma classe política comprometida com os
ideais republicanos e democráticos”, observou Fux. Segundo especialistas, o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode ser enquadrado na Lei da
Ficha Limpa depois de a 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região
(TRF-4) ter confirmado a decisão do juiz federal Sérgio Moro e aumentado a pena
de prisão do petista de 9 anos e 6 meses para 12 anos e 1 mês por corrupção
passiva e lavagem de dinheiro. O PT tem até o dia 15 de agosto para apresentar
o requerimento de registro da candidatura de Lula à Presidência. O calendário
eleitoral prevê que o registro das candidaturas deve ser julgado pela Corte
Eleitoral até 17 de setembro, quando Fux já terá deixado o TSE. Ao criticar a
disseminação de notícias falsas, Fux disse que uma “uma campanha limpa se faz
com a divulgação das virtudes de um candidato, e não com a difusão de atributos
negativos pessoais que atingem irresponsavelmente uma candidatura”. “Apear
disso (do combate às fake news), não se pretende tolher a liberdade de
expressão e de informação legítima do leitor. A liberdade de expressão é
pressuposto para qualquer regime que se intitule verdadeiramente democrático”,
afirmou. “O papel do TSE é de neutralizar esses comportamentos anti-isonômicos
e abusivos. No combate às fake news, a imprensa estará conosco na linha de
frente. A nossa imprensa nos auxiliará como a fonte primária da aferição da
verossimilhança da notícia. Será nossa primeira parceira nessa empreitada”,
completou o ministro. Em seu discurso, o ministro prometeu que no âmbito
administrativo do TSE a criação de uma “academia da democracia”, composta por
integrantes do meio jurídico-político e da sociedade civil, destinada a
realizar eventos e aperfeiçoar o sistema governamental; a implantação do
programa “Políticos do Futuro”, voltado para a formação de jovens que queiram ingressar
na política; e o lançamento de um projeto itinerante da Justiça Eleitoral.
Estadão Conteúdo





