Fachin remete pedido de habeas corpus de Lula para votação
O ministro
do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato
na Corte, vai enviar ao plenário o pedido de habeas corpus feito pela
defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com essa decisão, divulgada
hoje (9), caberá à presidenta da Casa, ministra Cármen Lúcia, marcar data para
a apreciação do pedido.
O pedido de habeas corpus
preventivo se deu em função do julgamento de apelação da defesa no TRF4,
em 24 de janeiro, que condenou o ex-presidente em segunda instância e aumentou
a pena de nove anos e meio de prisão para 12 anos e um mês no caso da acusação
de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por meio de apartamento tríplex no
Guarujá, que pertence à construtora OAS. Com a solicitação ao Supremo, a defesa
do ex-presidente quer evitar sua prisão.
Ao negar o habeas corpus, o
ministro Fachin entendeu que o caso de Lula não pode ser analisado por ele
antes de uma decisão definitiva do Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde o
pedido foi feito depois do julgamento no TRF4.
A defesa de Lula pretende
derrubar a decisão do vice-presidente do STJ, ministro Humberto Martins, que negou pedido para impedir a eventual
execução provisória da condenação do ex-presidente. Martins entendeu que a
decisão do TRF4 garantiu que Lula não será preso antes da apreciação do último
recurso, e, dessa forma, não há urgência que justifique a concessão da medida
cautelar.
O advogado do ex-presidente
Cristiano Zanin Martins afirmou que a decisão de Fachin dará ao plenário
do STF "oportunidade de aplicar a Constituição Federal", no que se
refere à garantia da presunção de inocência até decisão final da qual não caiba
mais recurso. "O ex-Presidente Lula foi condenado em um processo marcado
por manifestas nulidades e sem ter praticado nenhum crime", postou
Zanin.
Ele observa que o TRF4 determinou
antecipação do cumprimento da pena sem que houvesse pedido do Ministério
Público e sem que houvesse motivo para não se aguardar o julgamento dos
recursos que serão analisados pelos Tribunais Superiores. "Esperamos que a
ação seja pautada no Plenário do STF o mais breve possível, a exemplo da rapidez
da decisão tomada pelo próprio Ministro Fachin, inerente à natureza do habeas
corpus".
Impasse no STF
Nesta sexta-feira, ao
justificar o envio da questão ao plenário da Corte, Fachin entendeu que há
necessidade de prevenir divergência sobre as prisões em segunda instância entre
as duas turmas da Corte. “Há, portanto, relevante questão jurídica e necessidade
de prevenir divergência entre as Turmas quanto à questão relativa à
possibilidade de execução criminal após condenação assentada em segundo grau de
jurisdição”, justificou.
Neste novo julgamento no
plenário do STF sobre a prisão após decisão em segunda instância, o resultado
vai depender do entendimento da ministra Rosa Weber. Em 2016, nos dois
julgamentos sobre a questão, a ministra se manifestou contra a execução
provisória da pena, mas, recentemente, sinalizou que poderia mudar seu
entendimento. Será a terceira vez que o plenário vai analisar o caso.
O cenário atual na Corte é de
impasse sobre a questão. Os ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Rosa Weber,
Ricardo Lewandowski, Marco Aurélio e Celso de Mello são contra a execução
imediata ou entendem que a prisão poderia ocorrer após decisão do STJ. Já
Fachin, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux, Alexandre de Moraes e Cármen Lúcia são
a favor do cumprimento após a segunda instância. Se esse cenário se mantiver, o
placar da votação seria de 6 votos a 5 contra a prisão, fato que beneficiaria
Lula.
Com
informações da Agência Brasil





