Temer ‘guardou no bolso’ R$ 1 milhão dos R$ 15 mi pagos em campanha, diz delator
O presidente Michel Temer teria embolsado R$ 1 milhão dos R$ 15 milhões
recebidos do Partido dos Trabalhadores (PT) para financiar sua campanha à
Vice-Presidência, em 2014. A afirmação foi feita por Roberto Saud, diretor da
JBS, em depoimento ao Ministério Público Federal. A informação consta da
delação de executivos da empresa, cujos detalhes foram divulgados nesta
sexta-feira (19) pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Ainda segundo Saud, além
de Temer, Gilberto Kassab, hoje ministro da Ciência, Tecnologia, Inovação e
Comunicações, também usou dinheiro de caixa 2 de campanha em proveito próprio.
"Eu já vi o cara pegar o dinheiro da campanha e gastar na campanha. Agora,
ganhar um dinheiro do PT e guardar pra ele no bolso dele, eu acho muito
difícil. Aí, ele e o Kassab fizeram isso. Só o Temer e o Kassab guardaram o
dinheiro pra eles usarem de outra forma", disse o executivo. No
depoimento, o delator detalha como foi feito o pagamento. Temer negociou os R$
15 milhões junto ao PT, e o valor foi repartido em diversas frentes: R$ 9
milhões teriam sido pagos em cinco parcelas ao PMDB nacional, como
"propina dissimulada em forma de doação oficial"; R$ 3 milhões teriam
sido entregues a um intermediário do ex-deputado Eduardo Cunha em um posto de
gasolina no Rio de Janeiro; e R$ 2 milhões teriam sido repassados a Duda
Mendonça como parte do pagamento pela campanha de Paulo Skaf ao governo de São
Paulo. De acordo com Saud, o pagamento a Duda Mendonças foi "simulado como
se ele tivesse prestado um serviço" para uma das empresas do Grupo JBS.
Ainda segundo o delator, o R$ 1 milhão que teria ficado com Temer foi entregue
na sede da Argeplan Arquitetura e Engenharia, na Vila Madalena, em São Paulo. A
empresa pertence a João Baptista Lima Filho, amigo de Temer, e já foi alvo de
investigações da Operação Lava Jato. “O Temer me deu um papelzinho, e falou:
'Ó, Ricardo, tem um milhão, que quero que você entregue em dinheiro nesse
endereço aqui'. O Temer falou isso. Na porta do escritório dele, na calçada. Só
eu e ele na rua. Na Praça Panamericana", relatou Saud.





