Justiça determina cassação de prefeita e vice de cidade da BA por abuso de poder e concessão de benefícios em troca de votos
A
Justiça Eleitoral determinou a cassação da prefeita e o vice-prefeito de Maiquinique, no
sudoeste da Bahia, por abuso de poder político, captação ilícita de votos e
conduta vedada. A prefeita Valéria Silveira (PV) e o vice dela, Kayke
Jardim (PSD),
são investigados por usar benefícios públicos para angariar votos para as
eleições em 2024.
Segundo
informações levantadas durante a Ação de Investigação Judicial Eleitoral
(AIJE), divulgada no Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Regional
Eleitoral (TRE-BA), nesta terça-feira (23), os políticos manipularam a
data de pagamento dos precatórios do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do
Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) e do Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação (Fundeb).
A
dupla disputou a reeleição no ano passado e só liberaram o pagamento um dia
antes de se recandidatarem oficialmente. Além disso, eles promoveram o
pagamento nas redes sociais, como uma estratégia
para alavancar a imagem de suas candidaturas.
Na
análise da Justiça, a manipulação da data de pagamento dos benefícios configura
manipulação e o abuso de poder. O órgão pontua ainda que a divulgação do
pagamento contribuiu para que "eleitores ingênuos, crédulos e de pouca
escolaridade" acreditassem que a ação foi uma benfeitoria concedida pela
prefeita.
Ainda
na AIJE, os políticos investigados concederam licenças-prêmio para servidores
públicos em troca de apoio político. Conforme a investigação, entre janeiro e
outubro de 2024, a prefeita Valéria Silveira e o vice concederam 46
licenças-prêmio, sendo 27 convertidas em pecúnia e 19 não convertidas e 18
indeferidas. A concessão dos benefícios teria sido feita de forma
arbitrária, sem histórico funcional do servidor, análise dos Recursos Humanos
ou parecer jurídico, o que caracteriza a captação ilícita de sufrágio.
"A
discricionariedade na concessão de licenças-prêmio, embora exista, não pode ser
exercida de forma arbitrária ou com desvio de finalidade eleitoral",
analisou a juíza eleitoral, Giselle de Fatima Cunha Guimarães Ribeiro.
O g1 tenta contato com o Partido
Verde (PV) e o Partido Social Democrático (PSD) para mais detalhes sobre o
caso.
Diante
disso, a juíza da 91ª Zona Eleitoral determinou
a inelegibilidade dos investigados pelo prazo de oito anos e a
cassação do diploma dos dois. Além disso, ela estabeleceu uma multa de R$ 10
mil para cada um. A coligação do qual a dupla faz parte, chamada de
"Coligação Maiquinique Segue Avançando", também deve pagar multa de
R$ 10 mil, por conduta vedada. Vale ressaltar que a decisão ainda deve passar
por instâncias superiores até que as determinações sejam aplicadas.
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