Senador Otto Alencar vai pautar projeto para estender mandatos de prefeitos até 2030
Uma nova movimentação no
Senado Federal promete reacender o debate sobre a unificação das eleições no
Brasil. A proposta, que visa realizar em uma única data todos os pleitos
municipais, estaduais e federais, está sendo tratada como prioridade por lideranças
da Casa e pode ser votada ainda em 2025. O senador Otto Alencar (PSD-BA),
próximo presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado,
relatou que pretende debater uma forma de realizar as eleições gerais e
municipais de uma só vez, a cada quatro anos. Para que isso aconteça, a
legislação precisa ser modificada. Uma das saídas seria estender o mandato dos
atuais prefeitos até 2030, por exemplo.
Dessa forma, a próxima
eleição municipal seria realizada em conjunto com a geral, quando são eleitos o
presidente e vice-presidente da República, governadores, senadores e deputados.
Otto afirmou que tratará do assunto com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre
(União-AP). O senador é um crítico do formato atual, em que o Brasil realiza
eleições a cada dois anos. “Ninguém aguenta mais isso. Acaba uma eleição e já
se começa a pensar na outra”, afirmou. A unificação proporcionaria economia aos
cofres públicos, além de colaborar para que a agenda política tenha mais tempo
para realizar as entregas, sem ter que interromper os trabalhos a cada dois
anos com campanha eleitoral.
Atualmente, as eleições
brasileiras ocorrem a cada dois anos, intercalando pleitos municipais
(prefeitos e vereadores) com os estaduais e federais (governadores, deputados,
senadores e presidente). A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 19/2020, de
autoria do senador Wellington Fagundes (PL-MT), é a principal base dessa
discussão. A proposta prevê a unificação das eleições a partir de 2030, com a
prorrogação dos mandatos municipais eleitos em 2024 por mais dois anos.
“Não faz sentido manter
um país em constante campanha política, com eleições a cada dois anos. Isso
compromete o planejamento das gestões e encarece todo o processo democrático”,
argumenta Fagundes.
Mandatos mais longos
Para que a mudança seja
possível, a proposta prevê a prorrogação dos mandatos dos prefeitos e
vereadores eleitos em 2024 até 2030. Ou seja, ao invés de quatro anos, esses
mandatos teriam duração de seis anos. A medida é polêmica, mas conta com apoio
de parte dos parlamentares e prefeitos que enxergam na ideia uma solução
administrativa de médio prazo. O senador Otto Alencar (PSD-BA), próximo
presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), já sinalizou que
pretende pautar a proposta no colegiado. “As eleições a cada dois anos criam
instabilidade política e atrapalham a governança. É hora de racionalizar o
processo”, afirmou Otto.
Tramitação acelerada
Na última terça-feira (2), o senador Marcelo Castro (MDB-PI) apresentou um novo relatório do projeto de atualização do Código Eleitoral, que consolida toda a legislação partidária e eleitoral vigente. O relatório, que será debatido nas próximas semanas em audiências públicas, também abre espaço para discutir a unificação das eleições.
Obstáculos e articulação
política
Apesar da disposição do
Senado, a proposta precisará de apoio expressivo também na Câmara dos
Deputados, onde o tema já gerou controvérsia. No entanto, levantamentos de
organizações ligadas aos prefeitos pelo Brasil, afirmam que a maioria apoia o
projeto. Isso pode ser crucial para que os deputados federais, que precisam
diretamente do apoio dos gestores, fechem questão e aprovem a alteração no
calendário eleitoral, que pode ser promulgar antes do próximo ciclo eleitoral
geral. Com isso, o Brasil entraria em uma nova era política, marcada por
pleitos unificados e, potencialmente, um ambiente eleitoral menos fragmentado.
Fonte: Jornal Eco