Desembargadora investigada em operação contra esquema de venda de decisões é exonerada de núcleo no TJ-BA
A desembargadora Sandra Inês Moraes Rusciolelli Azevedo, investigada na
Operação Faroeste, que investiga esquema de venda de decisões por juízes,
foi exonerada do cargo de Supervisora do Núcleo Permanente de Métodos
Consensuais de Solução de Conflitos (Nupemec). A decisão foi assinada na
quarta-feira (8), pelo presidente do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA),
Lourival Almeida Trindade.
A decisão vale só para o cargo que
tinha no Nupemec, ela permanece desembargadora do TJ-BA, mesmo afastada das
funções.
Para decidir pela exoneração do cargo
de supervisora do Nupemec, o presidente do TJ-BA considerou o afastamento
cautelar do exercício das funções da desembargadora, que já havia sido
determinado pelo ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Além do afastamento do cargo por um
ano, o ministro Og Fernandes, relator da Operação Faroeste, também já tinha
determinado a prisão da desembargadora.
Quinta fase da Operação Faroeste
A quinta fase da Operação Faroeste ocorreu
no dia 24 de março. Na ocasião, a Polícia Federal cumpriu 11 mandados
expedidos, três deles de prisão temporária e outros oito de busca e apreensão.
A prisão da desembargadora foi
temporária, de cinco dias e poderia ser prorrogada por mais cinco dias. Durante
o afastamento do cargo, ela continua recebendo salário normalmente, já que, pelas
regras, o magistrado só deixa de receber se tiver condenação definitiva.
Na decisão que autorizou prisão e
afastamento, o ministro do Superior Tribunal de Justiça Og Fernandes, relator
da Operação Faroeste, destacou que ação controlada da Policia Federal e
gravações demonstram que a desembargadora recebeu R$ 250 mil de propina para
dar decisão favorável a uma empresa. Segundo o ministro, o dinheiro foi
recebido por meio do filho dela, Vasco Rusciolelli Azevedo.
Segundo o ministro, a desembargadora
Sandra Inês continuou a cometer crimes mesmo após o desenrolar das
investigações da Operação Faroeste.
Segundo o ministro, mesmo com a
pandemia de coronavírus, as tratativas continuaram. “Por fim, chama a atenção o
fato de ter a ação criminosa não ter se interrompido mesmo durante a pandemia
de Coronavírus (COVID-19), quando há a recomendação de restringir-se a
interação social. Tudo isso a corroborar a necessidade premente da aplicação
das medidas cautelares pleiteadas no presente procedimento.”
O afastamento foi necessário,
ressaltou Og Fernandes, porque os atos foram cometidos no exercício do cargo.
Conforme a decisão, a PF gravou
conversas sobre entrega, a própria entrega, além de recolher valores na casa da
desembargadora, recebidos com a promessa de, em troca, Ela dar voto favorável a
uma empresa.
Ainda conforme Og Fernandes, a ação
criminosa ”foi acompanhada e registrada nos mínimos detalhes, por meio de fotos
e gravações, no bojo de ação controlada muito bem executada pela Polícia
Federal”.
Ao longo das fases anteriores da operação, também foram presos:
·
Maria do Socorro Barreto Santiago (desembargadora);
·
Sérgio Humberto Sampaio (juiz de primeira
instância);
·
Adailton Maturino dos Santos (advogado que se
apresenta como cônsul da Guiné-Bissau no Brasil);
·
Antônio Roque do Nascimento Neves (advogado);
·
Geciane Souza Maturino dos Santos (advogada e
esposa de Adailton Maturino dos Santos);
·
Márcio Duarte Miranda (advogado e genro da
desembargadora Maria do Socorro Barreto Santiago)
Além disso, foram afastados dos
serviços no TJ-BA Maria do Socorro Barreto Santiago (desembargadora), Sérgio
Humberto Sampaio (juiz de primeira instância), Gesivaldo Britto (desembargador
presidente do TJ-BA), José Olegário Monção (desembargador do TJ-BA) Maria da
Graça Osório (desembargadora e 2ª vice-presidente do TJ-BA) e Marivalda
Moutinho (juíza de primeira instância).
A Polícia Federal informou que o
grupo é suspeito de corrupção ativa e passiva, lavagem de ativos, evasão de
divisas, organização criminosa e tráfico influência.
A operação
·
A primeira fase da Operação Faroeste ocorreu
em 19 de novembro, com a prisão de quatro advogados, o cumprimento de 40
mandados de busca e apreensão e o afastamento dos seis magistrados.
·
No dia 20 de novembro, a Corregedoria Nacional de Justiça (CNJ) instaurou
procedimento contra os magistrados do TJ-BA.
·
Três dias depois, a Polícia Federal prendeu o juiz Sérgio Humberto de Quadros
Sampaio, da 5ª vara de Substituições da Comarca de Salvador, em
um desdobramento da Operação Faroeste.
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Em 29 de novembro, a desembargadora Maria do Socorro Barreto Santiago,
ex-presidente do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), foi presa.
Segundo a Procuradoria Geral da República (PGR), Maria do Socorro estaria
destruindo provas e descumprindo a ordem de não manter contato com
funcionários. Indícios sobre isso foram reunidos pela PF e pelo Ministério
Público Federal (MPF).
·
Na última fase, que ocorreu em dezembro e foi
batizada de Estrelas de Nêutrons, quatro mandados de
busca e apreensão foram expedidos pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), com
o objetivo de obter provas complementares da possível lavagem de ativos. Os
alvos foram um joalheiro e e um advogado.
Fonte: G1
Bahia.