Maia compara Temer a paciente no centro cirúrgico 'com a barriga aberta'
O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), diz
ter "certeza" que haverá quórum para a votação da denúncia da
Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Temer por corrupção
passiva, na próxima quarta-feira (2), afastando boatos de
adiamento.
Maia comparou a
situação de Temer à de um paciente que aguarda no centro cirúrgico "com a
barriga aberta", mas preferiu não especular sobre possíveis resultados, já
que, como presidente da Câmara, será o "árbitro" da votação da denúncia
contra o presidente. "Não se pode jogar com assunto tão sério",
disse. "Nosso papel é votar. Não votar é manter o país parado. Não
podemos deixar o paciente no centro cirúrgico com a barriga aberta."
O deputado do
DEM afirma não temer os baixos índices de popularidade do governo, assegurou
que segue apostando na agenda de cortes de gastos, e manifestou apoio ao
aumento de impostos nos combustíveis como forma de aumentar a receita.
A convite do
presidente da Câmara Municipal, vereador Milton Leite (DEM), que ocupa a
cadeira de prefeito – com a ida do titular João Doria à China e o afastamento
do vice Bruno Covas (PSDB) por problemas pessoais – , Maia almoçou, na sede do
executivo municipal, na companhia de cerca de 20 deputados e vereadores do seu
partido.
Com a possível
chegada de cerca de uma dezena de deputados do PSB, o DEM espera turbinar sua bancada,
planejando, inclusive, superar os tradicionais aliados do PSDB, hoje terceira
força da Casa.
Perguntado se a
impopularidade do governo Temer pode ser obstáculo para essa estratégia,
Rodrigo Maia preferiu reafirmar apoio, e do seu partido, às propostas do
governo, em especial a reforma da Previdência. Disse que mais importante do que
a popularidade, ou impopularidade, do governo atual é a "responsabilidade",
segundo ele, com que as reformas vêm sendo conduzidas.
Ao concordar
com uma eventual ampliação do rombo fiscal em cerca de R$ 30 bilhões,
medida considerada pela equipe econômica para tentar fechar as contas do ano, o
parlamentar disse que "o brasileiro não aceita mais privilégios e
aumento de impostos". O presidente da Câmara ignorou o fato de que os
brasileiros também não aceitam mais Temer, hoje apoiado, de acordo com pesquisa CNI-Ibope divulgada nesta quinta-feira (27),
por 5% da população, ante 70% que o classificam como ruim ou
péssimo.
O anfitrião
Milton Leite pediu a Maia para levar demandas ao Palácio do Planalto. Leite
afirmou que a cidade de São Paulo não tem condições de arcar com os impactos da
elevação da tributação dos combustíveis no transporte público, e que não se
cogita repassar o aumento para as tarifas. O prefeito em exercício classificou
ainda como inaceitável que o governo Temer congele, por completo, verbas
destinadas a obras do programa Minha Casa Minha Vida, em São Paulo.





