Planalto teme ‘vazamentos seletivos’ das delações da Odebrecht
O governo federal está preocupado com a
possibilidade de “vazamentos seletivos” relativos às delações de 77 executivos
e ex-diretores da Odebrecht. As colaborações premiadas foram homologadas nesta
segunda-feira, 30, pela presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra
Cármen Lúcia, e, a partir de agora, a Procuradoria-Geral da República vai
decidir quem será alvo de inquéritos e o que deve ser aprofundado nas
investigações. O Palácio do Planalto vive momentos de apreensão, às vésperas da
eleição para a presidência da Câmara e do Senado, nesta semana. Embora
auxiliares do presidente Michel Temer tenham recebido com alívio a notícia de
que Carmen Lúcia manteve o sigilo das delações recebidas, há o receio de que o
Ministério Público Federal vaze “parcialmente” trechos dos depoimentos, na
tentativa de prejudicar o governo. Nos bastidores do Planalto e do Congresso, o
comentário é que as delações atingem cerca de 200 políticos de vários partidos
– muitos dos quais do PMDB e de outras legendas que compõem a base aliada de
Temer -, além de integrantes do “núcleo duro” do Executivo. Na delação feita à
força-tarefa da Lava Jato, o ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht
Cláudio Melo Filho citou o próprio Temer, o ministro da Casa Civil, Eliseu
Padilha e o secretário do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Moreira
Franco. Na lista de políticos mencionados por ele também aparecem os
presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Rodrigo Maia
(DEM-RJ). O deputado do DEM concorre à reeleição e é o favorito na disputa, com
aval do Planalto. Em entrevista publicada pelo Estado neste domingo, Padilha
disse que a Lava Jato não é pauta do governo. “A nossa pauta é gerar empregos e
fazer com que a economia tenha a retomada do crescimento”, afirmou ele.
Na sexta-feira, Temer se reuniu com o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em São Paulo. Os dois conversaram
sobre a sucessão do ministro do Supremo Teori Zavascki – o relator da Lava Jato
morto em acidente aéreo no último dia 19 -, os rumos do governo e a eleição no
Congresso. Temer examina uma lista com mais de 30 nomes para a vaga no Supremo.
A estratégia do Planalto é passar a mensagem de que o presidente não
interferirá nos rumos da Lava Jato e, por isso, não cederá a pressões políticas
nessa indicação. O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, filiado ao PSDB,
está na lista dos cotados para ocupar a cadeira de Teori. Integrantes do
Superior Tribunal de Justiça (STJ), porém, fazem pressão para que Temer escolha
um integrante da Corte.
Fonte: Estadão





