Paramirim: saudades dos tempos de outrora!

Estávamos a evocar reminiscências do passado nesta manhã gloriosa de domingo, onde nos permitimos ao ócio merecido que nos faz bem, que alimenta a nossa Alma, em que nos entregamos aos prazeres do pensar. Assim, do solilóquio chegamos ao diálogo, através do qual logramos a inspiração necessária ao desenvolvimento da materialização do pensamento. Desta forma, nos recordamos das feiras sucedidas aos sábados, em Paramirim, há cerca de quarenta anos (1977), época em que contávamos doze anos de idade. Quase que não se via moto! Uma ou outra! Apenas as dos "playboys" daquela época, como a do nosso primo Dagoberto! As pessoas, assim como nós, íam a cavalo, deixando os animais amarrados nos arredores da feira, a qual tinha lugar na famosa Praça da Matriz! Inúmeros eram os equinos ali amarrados! As pessoas levavam seus víveres no lombo daqueles animais! É certo que existiam ônibus e outros veículos, os quais traziam muita gente da zona rural, mas as pessoas gostavam de ir montadas a cavalo! Era uma folia só!

Paramirim era uma pequena cidade bucólica, que contava com poucas ruas. Somente existia a parte da BA-156 pra baixo, sentido Água Quente, hoje chamada de Érico Cardoso. Ninguém ouvia falar em drogas e, quando se tinha notícias, estas diziam respeito tão-somente à maconha! E o usuário era literalmente estigmatizado, sendo, via de consequência, alijado do agrupamento social. Os estudantes, que se encontravam na capital, retornavam àquela cidadezinha querida - nosso berço - com entusiasmo e saudade jamais vistos, fazendo com que o ônibus da Novo Horizonte fizesse um verdadeiro "tour" pela cidade, todos eles se "exibindo" nas janelas e gritando, como forma de chamar a atenção dos munícipes, aliado aos seus familiares, que os aguardavam sedentos por um abraço caloroso!

Ah... como aqueles momentos eram agradáveis e mágicos! Boate "Lady Laura", Clube Social do inesquecível "galanteador Nelsão"! Jogos de voleibol na sua quadra, sem se esquecer das incontáveis "festas de arromba", para o nosso deleite! Miríades de passeios de bicicletas; passeios à Fazenda São João, da nossa querida avó Iazinha e dos nossos inolvidáveis Tio Lídio e Tia Neide! Passeios ao Zabumbão, aos alambiques dos arredores!!! Bibila, Tula, Marlon, Cida, Darlan, Danilo, Denison, Lidinho, Lane, Iris, Dinho, Hércules, Bainho, Vavá, Gildo, Diacuí, Lando, Fátima, Taninha, Osny, Róbson, Silvana Melo, Denise Leão, Juninho Tanajura, Cyra Magalhães, Grace Tanajura, Lina, Val, Lali, Leobino, Tetê, Andréa, Vandinho, Piloto, Dulcilene, Dalmo, Renê, Joalce, Eldinho, Hélio, Berg, Teté, Dedêgo, Luís Eduardo, Anselmo, Poliana, Assis, Deca, Gilvando, dentre tantos outros amigos que compunham aquele cenário! São reminiscências maravilhosas que preenchem as nossas Almas! O medo simplesmente inexistia! Ficávamos até altas horas das madrugadas nas ruas e praças, sem quaisquer receios! Não tínhamos notícias de polícia! Essa passava despercebida! Como era bom! Após, íamos buscar o nosso recolhimento nas casas das nossas tias: Naída, Crescência, Darci ou Niní, as quais nos recebiam com extremo carinho! Como era maravilhoso aquele tempo!!!

Às vezes, estávamos na boate e a luz simplesmente se apagava! Era o sinal de que somente teríamos mais trinta minutos para que acontecesse o apagão na cidade, já que a energia era por intermédio de um gerador! Oh Paramirim "bão"! Por que tu não voltas mais? Isso nos dá uma imensa nostalgia e um misto de magia! Afinal... recordar é viver!

* Por Irlando Oliveira
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* Irlando Lino Magalhães Oliveira é Oficial da Polícia Militar da Bahia, no posto de Major do QOPM, atual Comandante da 46ª CIPM/Livramento de Nossa Senhora, e Especialista em Gestão da Segurança Pública e Direitos Humanos.