Ato no Rio reúne mais de 100 mil pessoas pelas Diretas Já
Cerca de 100 mil pessoas
foram à praia de Copacabana, no Rio, neste domingo (28) para participar do ato
promovido por artistas e movimentos populares para exigir a saída do presidente
Michel Temer e a realização de eleições diretas. A estimativa é dos organizadores.
A Polícia Militar não divulgou estimativa. O ato-show, que começou por volta
das 11h e foi até as 18h30, reuniu intelectuais, músicos, atores,
parlamentares, e lideranças sindicais. Destaques para Caetano Veloso, Milton
Nascimento, Mano Brown, Rappin'Hood, Milton Nascimento, Mart'nália, Teresa
Cristina, Criolo, Cordão da Bola Preta,, Otto, Maria Gadú, BNegão, Elisa
Lucinda, os atores Vagner Moura, Gregório Duvivier, Osmar Prado, Antonio
Pitanga, Bemvindo Siqueira, dentre outros.
As apresentações
musicais foram intercaladas com discursos que terminavam em coros de
"Fora, Temer!" e "Diretas Já". Sem a presença ostensiva da
força policial, o ato transcorreu o tempo todo de forma pacífica e nenhum
incidente foi registrado.
"A gente tem
hoje um presidente ilegítimo, impopular e criminoso. E esse Congresso, com
maioria investigada por crime de corrupção, não tem moral para eleger um novo
presidente, não pode. Só as eleições diretas vão tirar o país desse buraco em
que a gente está hoje", defendeu Gregório Duvivier.
Cantora, poeta e
atriz, Elisa Lucinda fez um pronunciamento em favor do amadurecimento da
cidadania e da democracia brasileiras, e dos direitos dos trabalhadores.
"Dirão para eu deixar de ser boba, porque desde Cabral todo mundo rouba.
Eu digo que não, esse será meu Carnaval, só com o tempo a gente consegue ser
ético e livre, e não admito que tentem tirar minha esperança. Não dá para mudar
o começo, mas podemos mudar esse final."
O presidente da
CUT, Vagner Freitas, e da Frente Povo Sem Medo, Guilherme Boulos, reafirmaram a
disposição para a mobilização popular pelo restabelecimento da normalidade
democrática no país.
Freitas afirmou que vai
chamar greve geral caso as reformas continuem tramitando no Congresso.
"Não adianta o 'Fora, Temer!' e manter as reformas. Por que a Globo
golpista quer derrotar o Temer? Porque eles acham que o Temer não consegue
aprovar as reformas, então eles querem colocar um golpista pior para acabar com
nossa aposentadoria. Deixo um comunicado a todo o povo: se as reformas
continuarem, já convoco os trabalhadores e trabalhadores a fazer a maior greve
geral da história do país".
"Esse grande
ato-show pelas 'Diretas Já' vai além dos movimentos sociais e dos partidos de
esquerda. Esse movimento representa os 85% da população brasileira que quer
escolher seu presidente. A população sabe que a única saída para a crise
política é chamar o povo a decidir. Hoje o grito é em Copacabana, mas esse
movimento vai tomar o país nas próximas semanas", afirmou Boulos.
Parlamentares
também marcaram presença no ato, incluindo o líder do PT na Câmara, Carlos
Zarattini (SP), o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), Marcelo Freixo (Psol-RJ).
"Para aqueles que falam que não existe solução jurídica para fazer
diretas, eu digo que isso é falso! Na terça-feira vamos votar na Comissão de
Constituição e Justiça do Senado a PEC das Diretas. E já vamos mandar um recado
para aquele Congresso: nós não vamos participar de nenhuma eleição indireta! Só
o povo pode dar legitimidade a um novo presidente da República!",
discursou o senador Lindbergh.
"A gente
está onde a gente deveria sempre estar, nas ruas. Chegou a hora de derrotar a
cultura do golpe, tem de ter eleições diretas imediatamente", disse o
deputado estadual Freixo.
Entre as atrações
mais esperadas, Caetano Veloso e Milton Nascimento optaram por não discursar,
como fizeram outros artistas. Caetano, que subiu ao trio elétrico por volta das
17h, soltou um "Fora, Temer!", antes de começar sua primeira música,
Podres Poderes, que cantou acompanhado por Maria Gadú. Milton apenas cantou
"Paula e Bebeto", "Coração de Estudante" e "Nos Bailes
da Vida".
O ato-show foi
encerrado por B-Negão que lembrou um de seus primeiros sucessos, "A
verdadeira dança do patinho", com parte da letra atualizada para o cenário
político brasileiro, desde a movimentação pelo impeachment de Dilma Rousseff.









